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Maurício Ye’kwana leva à ONU apelo urgente pela desintrusão da Terra Indígena Yanomami

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O porta-voz da campanha #ForaGarimpoForaCovid também denunciou o descaso do governo Bolsonaro com as populações indígenas da Amazônia na pandemia
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Maurício Ye’kwana, diretor da Hutukara Associação Yanomami e porta-voz da Campanha #ForaGarimpoForaCovid, falou nesta sexta-feira (25/09) na 45ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU (CDH). No pronunciamento, gravado previamente em espanhol, Maurício denunciou a invasão da Terra Indígena Yanomami por garimpeiros, principais vetores de contaminação da Covid-19 e de outras doenças — como a malária —, e alertou para a devastação e contaminação do meio ambiente pela atividade ilegal.



“Nosso território está sendo invadido por mais de 20 mil garimpeiros ilegais em busca de ouro, que levam doenças como a malária, bebidas alcoólicas, drogas e violência para as comunidades e poluem os nossos rios com mercúrio”, diz o líder Ye’kwana no vídeo.

Maurício também abordou em seu pronunciamento o descaso do governo Bolsonaro com as populações indígenas da Amazônia, severamente afetadas pelo novo coronavírus e por velhas ameaças, como o desmatamento e as queimadas.

Em razão da pandemia, a sessão da CDH, cuja agenda oficial vai de 14 de setembro a 06 de outubro, acontece pela primeira vez em formato misto, com participações online. O órgão intergovernamental é composto por 47 Estados-membros eleitos pela Assembleia Geral da ONU. A sociedade civil é convidada a se manifestar durante as sessões. Nelas, são expostas e discutidas violações de direitos humanos ao redor do mundo. A denúncia do líder indígena foi assistida por representantes diplomáticos de vários países.

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Durante seu pronunciamento, Maurício destacou ainda que lideranças indígenas vêm cobrando do governo brasileiro a retirada urgente dos invasores, sem sucesso. “O governo expressa falas que estimulam a exploração ilegal de ouro nas Terras Indígenas da Amazônia e que intensificam as ameaças contra nós. Continuamos a ver a floresta sendo destruída. Por isso eu venho, mais uma vez, denunciar o descaso do governo brasileiro”, enfatiza.

A Hutukara Associação Yanomami foi convidada para participar da sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU pela organização não governamental Conectas Direitos Humanos. Não é a primeira vez que uma liderança da Terra Indígena Yanomami discursa na Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Em março, em Genebra, na Suiça, o xamã e líder Yanomami Davi Kopenawa denunciou à comunidade internacional o risco de genocídio de povos isolados no Brasil. Ele apresentou um estudo do Instituto Socioambiental (ISA) que indicava uma explosão do desmatamento em territórios com presença dessas populações.

Leia o pronunciamento de Maurício Ye’kwana:

Senhora Presidenta,

Meu nome é Mauricio Ye’kwana, sou diretor da Hutukara Associação Yanomami e estou aqui representando o Fórum de Lideranças da Terra Indígena Yanomami.

Nosso território está sendo invadido por mais de 20 mil garimpeiros que levam doenças como a malária, bebidas alcoólicas, drogas e violência para as comunidades e poluem os nossos rios com mercúrio.

Em 2020, dois Yanomami foram assassinados por garimpeiros. Ainda, em meio à pandemia, eles também têm levado a Covid-19, contaminando as comunidades que vivem próximas ao garimpo.

Nós, lideranças, temos cobrado do Governo Brasileiro que cumpra com sua obrigação para a retirada dos garimpeiros ilegais, mas não há uma resposta adequada para esse problema.

Pelo contrário, o Governo expressa falas que estimulam a exploração ilegal de ouro nas terras indígenas da Amazônia e que intensificam as ameaças contra nós.

Continuamos a ver a floresta sendo destruída. Por isso, eu venho mais uma vez denunciar o descaso do Governo Brasileiro com os povos indígenas e com a nossa terra mãe. E pedimos ajuda da comunidade internacional para que os nossos direitos sejam respeitados.

Obrigado por escutarem minhas palavras.


Evilene Paixão
ISA
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