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O ISA realizou, em abril, duas oficinas com quilombolas para aprimorar os processos de identificação, coleta, seleção e armazenamento familiar das sementes tradicionais no Vale do Ribeira, no sul de São Paulo. Os dois eventos dão continuidade à construção coletiva de um banco de sementes das comunidades quilombolas da região e fazem parte do projeto “Sistema Agrícola Quilombola: soberania alimentar, cultura e geração de renda”, realizado pelo programa Vale do Ribeira com 18 quilombos do Vale do Ribeira. O patrocínio da iniciativa é da Petrobrás (saiba mais).
De 17 a 19/4, no Núcleo Ouro Grosso do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar), a oficina reuniu 12 representantes de cinco comunidades quilombolas situadas nos municípios paulistas de Iporanga e Itaóca (Pilões, Nhunguara, Piririca, Cangume e Bombas). Na semana seguinte, em 22 e 23/4, participaram da oficina 14 representantes de sete comunidades (São Pedro, Ivaporunduva, Sapatu, Pedro Cubas, Pedro Cubas de Cima, Abobral Margem Direita e Abobral Margem Esquerda), no município de Eldorado.
Na oficina, foram discutidos pontos de aproximação entre as técnicas tradicionais empregadas pelos quilombolas e as técnicas agronômicas alternativas, como as agroecológicas e as biodinâmicas, no tocante à conservação, ao manejo e à reprodução de sementes e mudas. Os técnicos Pedro Jovchelevich e Vladimir Moreira, da Associação Brasileira de Biodinâmica (ABD), contribuíram com o trabalho.
Foram tratados nos encontros temas como a reprodução, o plantio e o manejo das espécies e das variedades; a secagem e a conservação das sementes; além das disputas e das diferenças entre sementes tradicionais, híbridas e transgênicas. Foram realizadas também atividades práticas, como o teste de germinação de sementes e a seleção de plantas no campo.
Oficinas anteriores do projeto privilegiaram o diálogo entre as gerações de quilombolas mais jovens e mais experientes em torno dos conhecimentos tradicionais relacionados às sementes e ao manejo das roças, às espécies e variedades perdidas e aquelas cultivadas atualmente, iniciando um mapeamento da situação das mudas e das sementes tradicionais em cada comunidade.
As etapas seguintes contemplarão o desenho participativo da estrutura do banco de sementes pelas comunidades quilombolas, considerando modelo de funcionamento, regras e acordos para seu uso. A longo prazo, o banco tem o objetivo de garantir a soberania dos quilombolas sobre suas variedades tradicionais e aumentar a segurança alimentar das famílias.